Uma fazenda no interior de São Paulo esconde um inquietante passado ligado a ações de pessoas vinculadas ao fascismo e à ideologia nazista no Brasil antes da Segunda Guerra Mundial. Localizada a 160 quilômetros da capital paulista, a fazenda Cruzeiro do Sul, perto de Campina do Monte Alegre, teria em sua história um terrível episódio de trabalho forçado de crianças negras abandonadas, de acordo com reportagem publicada pela BBC Brasil.
A fazenda pertencia à família Rocha Miranda, de industriais do Rio de Janeiro, que eram membros da Ação Integralista Brasileira (AIB), grupo de extrema direita simpatizante do nazismo. Alguns indícios desta conexão estão expostos em fotos, como uma de um time (provavelmente da década de 30), em que figura uma bandeira com uma grande suástica, símbolo que também aparece no pelo de um animal e que foi cravado em tijolos.
A parte mais terrível deste passado está na descoberta da história de 50 meninos, perto dos 10 anos de idade, que foram transferidos de orfanatos do Rio para a fazenda. O primeiro grupo teria chegado em 1933 e, aos garotos, era prometida uma vida melhor. No entanto, ao chegarem na fazenda, de acordo com o relato de alguns sobreviventes, a realidade era de trabalho, castigos e privações. Alguns também contam que havia fotos de Hitler pelo local, mas, na época, eles não sabiam do que se tratava.
Descendentes da família que era proprietária da fazenda na época afirmam que seus antepassados deixaram de apoiar o nazismo antes da Segunda Guerra Mundial. Um sobrinho-bisneto dos proprietários afirmou ainda que as crianças não eram mantidas na fazenda como "escravos". Em entrevista à Folha de São Paulo, ele alegou que os órfãos precisavam “ser controlados, mas nunca foram punidos ou escravizados".
Sabe-se que antes da Segunda Guerra, o Brasil tinha laços estreitos com a Alemanha Nazista, e o país possuía o maior partido fascista fora da Europa, com mais de 40 mil membros. No Brasil, o integralismo foi fundado em 1932.
Fonte: History Channel
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